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Depressão e Obesidade - Como superar o Comer Emocional e recuperar a autoestima

  • Foto do escritor: Geanne Paulino
    Geanne Paulino
  • 29 de jul. de 2024
  • 6 min de leitura

Olá! Eu sei o que você está sentindo! Atividades que antes eram prazerosas agora parece um fardo, e a comida tornou-se um conforto silencioso. Vamos explorar a linha tênue entre tristeza e depressão, mergulhando no complexo universo do comer emocional. É hora de entender por que tudo isso está interligado. Prepare-se para uma jornada de autoconhecimento e evolução.


Meu nome é Geanne Paulino, faz 13 anos que venho atuando como psicóloga clínica e durante diversos atendimentos, percebi a necessidade de trazer mais informação para ajudar pacientes bariátricos a emagrecer sem perder a qualidade de vida, o amor próprio e a autoconfiança.

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Sabemos que tanto a obesidade quanto a depressão são doenças muito faladas, mas pouco compreendidas, pois há muito preconceito e desinformação. Por incrível que pareça, tem pessoas que ainda acreditam que a depressão está relacionada à falta de fé, creem que atitude positiva e alegria de viver são suficientes para quem sofre com a doença. Da mesma maneira, mesmo a obesidade sendo uma doença multifatorial, ainda há pessoas que acreditam que quem sofre da doença, é porque são pessoas desleixadas, que comem demais, que não possuem força de vontade ou são preguiçosos. Enfim, são duas doenças estigmatizadas que precisam de informação e conscientização.


Contudo, cabe destacar que a depressão e a obesidade são doenças interligadas e conectadas no corpo e na mente. Pois a depressão pode levar ao ganho de peso e consequentemente à obesidade devido a mudanças relacionadas aos hábitos alimentares e atividade física. Assim como a obesidade pode aumentar o risco de depressão, uma vez que envolve problemas de imagem corporal, estigma social e alterações hormonais. 


Embora obesidade e depressão sejam doenças diferentes, existe uma associação bidirecional entre elas. Atualmente, as pesquisas tem mostrado que pessoas obesas tem 55% mais chance de desenvolver depressão do que a população em geral. Em contrapartida, quem tem depressão apresenta um risco 58% maior de desenvolver obesidade. Ou seja, ambas as doenças envolvem o indivíduo em um círculo vicioso. 


Mas, por que será que isso acontece?


Uma das causas mais comuns tem a ver com a autoestima das pessoas que sofrem com a obesidade, pois além de conviverem com as dificuldades acometidas pela doença, tem também o estereótipo do ser magro como sinônimo de beleza, o que leva ao desenvolvimento de quadros depressivos. 


Essa semana atendi duas pessoas diferentes, mas com queixas parecidas. Um homem e uma mulher. Ambos preocupados com os assentos antes de saírem de casa, pois eles percebem que muitos locais não são preparados para pessoas obesas. Relatam que a maior preocupação é se sentarem em cadeiras de plástico e essas cadeiras não suportarem o peso deles. Além deles, já atendi pacientes com o hábito de comprar duas passagens aéreas, pois o assento do avião não é preparado para acomodar pessoas obesas. Já pensaram como é difícil o sofrimento deles? 


Dia a dia ouço essas queixas e me sensibilizo com o sofrimento desses pacientes, pois essas situações vão gerando tanto desconforto que chega num momento que a pessoa não consegue mais sair de casa. Vai se fechando cada vez mais para as relações sociais e deixando de viver e conviver em sociedade, pois não se sentem incluídos nos espaços que gostariam de fazer parte.


Com tudo isso, para muitas pessoas a comida aparece como um calmante, exerce um papel antidepressivo com o intuito de suprir as necessidades emocionais e aliviar o sofrimento. Quem nunca, em um momento de ansiedade ou tristeza, buscou em uma barra de chocolate o conforto que precisava? Pois bem, usar a comida como mecanismo de recompensa emocional pode resultar em um quadro depressivo. Corroborando com essa informação, em um estudo realizado pelas Universidades Espanholas de Navarra e Las Palmas, manter dieta rica em alimentos industrializados fonte de gorduras trans e saturadas, ou seja, aqueles alimentos prontos e de rápido acesso, pode aumentar em 50% os riscos de uma pessoa tornar-se depressiva.


Com o quadro depressivo instalado, ocorre o aumento de peso devido às interferências químicas que a depressão provoca no cérebro em resposta ao estresse, que por sua vez alteram as células de gordura. 


Está percebendo o efeito cascata? 


Tanto a obesidade pode favorecer a depressão, como a depressão pode desenvolver a obesidade. Ou seja, os transtornos mentais como depressão e ansiedade vão favorecer o desenvolvimento da obesidade, como a obesidade também pode desencadear esses transtornos.

E o que fazer? 


Primeiro, precisamos identificar o que é tristeza e o que é depressão. Sentir tristeza faz parte da vida, é natural do ser humano. Ninguém está 100% feliz o tempo todo. E nem é sadio que isso aconteça. Pois considerando que somos seres de relações, em algum momento da vida alguém vai te aborrecer, ou você vai perder alguém que ama. Enfim, cabe então diferenciarmos o que é um quadro depressivo e o que é tristeza. Enquanto a tristeza nos dá força para mudar, nos transforma enquanto ser humano, a depressão paralisa. A depressão é uma doença em que a pessoa não tem motivação e nem alegria de viver. 


Para que você possa identificar seu estado atual, vou pontuar aqui algumas características que envolve depressão e tristeza para que você consiga diferenciá-las:

Uma das principais características é a duração. 


A tristeza dura algumas horas ou dias, enquanto a depressão dura semanas ou meses. Suponhamos que você está em uma loja a procura de uma roupa para um casamento de um amigo. Veste todas as roupas possíveis, mas nenhuma se adequa ao seu corpo como gostaria. Isso faz com que você escolha não a roupa que gostou, mas a que lhe serviu. Ou seja, imagino que tenha ficado triste algumas horas do dia refletindo sobre o que aconteceu, mas no dia seguinte, esses pensamentos não estão mais presentes. Você já está em outra sintonia, passou. Essa situação nos mostra um quadro de tristeza, pois foi momentâneo, durou apenas algumas horas. 


Agora, vamos pensar em outra situação. Você foi a essa loja, passou pelo constrangimento em não conseguir comprar a roupa que gostaria para ir ao casamento, optou então por não ir, pois já viveu situações semelhantes. Mesmo seus familiares insistindo com a sua presença, dizendo para superar o ocorrido, você resolveu não ir e ainda se culpou com a decisão que tomou. Pois veio sentimentos como: estou desconectado do mundo, perdi a confiança em mim, não me animo mais com as coisas, sinto medo, não consigo sair de casa como antes, cansei. 


Aqui, já temos um quadro depressivo, uma pessoa que viveu situações anteriormente parecidas, foi se fechando por não ter mais motivação para sair de casa e ainda trouxe a culpa por não conseguir fazer as mesmas coisas que fazia antes. É como se ela estivesse desconectada do mundo, sem alegria e motivação para viver. Tudo isso afeta a autoestima, o desempenho em tarefas cotidianas, falta de ânimo e pode até chegar a um quadro de ideação ao suicídio. 


Olhem como é sério conseguirmos identificar o estado emocional atual, pois quem sofre de depressão, além de lidar com o sofrimento da doença, têm dificuldade de se sentir compreendido pelas pessoas do seu convívio. Voltando no exemplo anterior, suponhamos que ao tomar a decisão de não ir à festa, um dos familiares dessa pessoa diz: levanta dessa cama, deixa de preguiça, que bobagem não querer sair só porque a roupa não te serviu.. enfim, quantos julgamentos e pouco entendimento sobre o estado emocional dessa pessoa. E na verdade, esse familiar só quer o bem dela, mas as palavras que chegam acabam minando ainda mais a confiança, piorando o quadro depressivo. Pois quem tem depressão, também tem dificuldade em aceitar a doença, sofre por não conseguir levantar da cama, por não conseguir socializar com os amigos, ou não conseguir fazer as mesmas atividades que fazia antes. 


Considerando que a obesidade e a depressão são doenças que caminham juntas, identificarmos os sinais e sintomas da depressão, favorece para que quem sofre com ambas as doenças, possam receber o tratamento adequado. Para que ambas as doenças sejam tratadas e prevenidas em conjunto através de um acompanhamento multidisciplinar que inclui profissionais como: endocrinologista, psiquiatra, psicólogo, entre outros.


E como é importante identificar quadros depressivos antes que a cirurgia bariátrica aconteça! Quando eu faço a avaliação para a cirurgia bariátrica, uma das dificuldades que encontro é a desinformação. Pois quem chega ao consultório para fazer a avaliação tem vários pensamentos equivocados sobre a presença de algum transtorno mental como impeditivo para a cirurgia. E o mais comum deles é a depressão. Então nessa hora eu preciso esclarecer que a depressão não vai impedir que a pessoa realize a cirurgia. Mas identificarmos o quadro depressivo anterior à cirurgia, vai ajudar a prevenir algum contratempo que possa surgir no pós cirúrgico. Pois uma vez identificada a depressão, esse paciente vai ser encaminhado para o tratamento adequado e assim ter mais segurança durante e depois da cirurgia. Vai conseguir saber de antemão quais são as suas dificuldades e lutar antes que qualquer problema apareça.


Se esse assunto te interessou e você gostaria de saber mais, coloque nos comentários para que eu possa trazer ainda mais conteúdo. Ou se imagina que vai ajudar alguém do seu convívio, compartilhe! Vamos levar informação para quem precisa e desmistificar esses dois temas para que quem sofre com a depressão ou a obesidade ou ambas as doenças, possam se acolher e também serem acolhidos por todos nós.


 
 
 

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